Quem sou eu

Brazil
Professor de História Ligado em cultura em geral Músico amador nas horas de folga Antenado em política Música: Rock'n Roll, Heavy Metal, Jazz, MPB, Música Erudita e Clássica, Rock Progressivo e outros estilos que tenham qualidade de forma e conteúdo. Cinema: Todos os gêneros, mas com restrições aos hollywoodianos. Livros: Todos, menos esoterismo

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ACIDENTES NÃO ACONTECEM!

Faz algum tempo que intenciono escrever sobre esse assunto, mas o dia-a-dia em seu corre-corre frenético, muitas vezes me deixa as oportunidades escaparem.

Vi uma entrevista na TV Cultura do especialista em trânsito Rodolfo Rizzotto, autor do livro "Acidentes Não Acontecem", na qual ele levantava uma série de fatores que explicam os altos índices de "acidentes" no Brasil. Dentre os fatores levantados, estavam os clássicos: Imprudência, Imperícia e a falta de educação do brasileiro, que se reflete no trânsito também! Porém, além desses citados, ele também culpa as autoridades, no que eu fiquei muito feliz, pois sempre que o assunto é acidente de trânsito, logo vêm os velhos chavões, colocando sempre a culpa no motorista.

O que o autor ponderou, foi sobre a falta de uma legislação clara e equilibrada, condições das estradas (apesar de não ser a causa principal!), falta de fiscalização, e o que é pior, regulamentos e portarias que permitem entre outras aberrações, a permissão de motociclistas trafegarem entre os carros (resultado do lobby dos fabricantes de motos), a permissão de "bitrens" (resultado do lobby dos fabricantes de caminhões aliados à transportadoras), e nesse caso um absurdo completo, pois a mesma legislação de trânsito proíbe trafegar em comboio ou muito próximo de outros veículos justamente para facilitar a ultrapassagem de outros automóveis, então como se explica essa permissão? No caso das motos, a mesma coisa, os números de acidentes envolvendo esse tipo de veículo vem subindo assustadoramente em função da forma como eles transitam nos grandes centros, ou seja, a legislação age na contramão do bom senso e da lógica!

Existem também, sinalizações absurdas, em estradas que apresentam poucos pontos de ultrapassagem, e quando estes surgem, junto com eles aparecem também placas de limite de velocidades inexplicáveis, como em retas quilométricas que deveriam servir de alívio aos motoristas que são obrigados muitas vezes a dirigir abaixo da velocidade mínima permitida (coisa que é proibida pelo Código de Trânsito mas nunca é observada pelos agentes de trânsito!) e respirando a fumaça preta expelida por caminhões que não deveriam estar trafegando dadas as condições do mesmo (o que também nunca é fiscalizado!), constituindo assim em verdadeiras armadilhas pra multar alguém que tenha perdido a paciência (todo mundo tem um limite!) com a situação!

Tudo isso sem falar no crescimento vertiginoso do número de veículos em circulação que não é, nem de longe, acompanhado por investimentos no aumento da malha rodoviária urbana e interurbana, e menos ainda nos investimentos em transporte público, que no caso de nosso país, é ruim e caro, muito caro!

Um dia um amigo meu me disse uma grande verdade: que o problema de dirigir e beber seria facilmente solucionado com táxis e ônibus baratos, eficientes e seguros (tem muito assalto em ônibus no Brasil!). E eu concordo com ele! Pra quê ir pro bar de carro se você pode ir tranquilo de táxi por um preço módico? Mas não é essa a nossa situação!

Na realidade são muitos os fatores que contribuem para os altos índices de acidentes no Brasil, mas o exemplo que deveria vir de cima, pra variar nunca acontece!

É urgente que o governo comece a enxergar o problema além da culpa dos motoristas, que é grande e disso ninguém duvida, mas que conta com a grande contribuição da incompetência do Estado para gerenciar o problema!

Fica aqui meu desabafo e a esperança de que algum dia o governo se preocupe menos com propaganda e discursos e mais com o povo!